sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pequeno Ensaio



Se o que Foucault diz no vídeo “Foucault on Bachelard”a respeito de uma hierarquia social, com valores hierárquicos e que devem ser transmitidos para aqueles que esta cultura considera dignos ou úteis for levado em consideração, teríamos que concordar com a premissa de que uma das funções destes valores é garantir não somente os privilégios e facilidade que esta hierarquia dispõe. Mas a escolhas destes valores contém em si uma dose muito grande de invenção, uma vez que são construídos e modificados no decorrer do tempo pelas gerações que os transmitem.

Quando resolvi iniciar meus estudos em História, lá em 2007 e com meus 17 anos, tinha a noção de que o conjunto de idéias que eu poderia adquirir serviria pra me tornar mais sábio, mais inteligente do que eu já era (ou pelo menos do que me julgava ser). Tal pensamento é deveras tolo, e essa tolice se evidencia no momento em que tentamos defrontar nossos companheiros de dia-a-dia com estes conhecimentos de forma crua. De certa forma, a única pessoa que poderia levar a sério tal atitude são os influenciáveis.

Se o conhecimento não me levou a uma sabedoria que eu julgava ter, creio que minha convivência dentro do curso me proporcionou tal lucidez: as pessoas com que convivi, as merdas que surgiram e burradas diversas me tornaram mais sério. Aí estamos chegando a algum lugar.

O conhecimento acadêmico por si só não gera e nunca vai gerar sabedoria no homem, uma vez que possui em si uma historicidade e uma tradição que provém desta hierarquia social. Aí entramos em uma lógica perversa: se descobrimos que o saber acadêmico, e portanto parte da tradição social, não gera sabedoria, acabamos por perceber que as correntes humanas ao longo dos últimos séculos contém em si uma quantidade absurda de tolice.